Estima-se que 30 por cento de mulheres em todo o mundo são afectadas pelo linfedema pós-mastectomia, ou seja, o inchaço gradual dos membros superiores, resultante do tratamento ao cancro da mama. Por ser crónica e evolutiva, esta complicação condiciona a qualidade de vida e a recuperação de um grande número de mulheres. Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Mulher com Cancro da Mama (APAMCancroMama), grande parte da população portuguesa desconhece esta patologia e a importância da sua prevenção para uma reabilitação oncológica efectiva. Esta patologia provoca a perda de mobilidade e a deformação dos membros superiores, no lado da mama afectada, devido ao esvaziamento dos gânglios linfáticos axilares efectuado após a cirurgia. Pode ocorrer logo depois da intervenção ou anos mais tarde, quando não prevenida ou devidamente tratada.
De acordo com Verónica Albuquerque Rufino, presidente da direcção da APAMCancroMama, «de todas as complicações que ocorrem após a cirurgia ao cancro da mama, o linfedema, pela incidência e incapacidade que provoca, merece uma referência especial». Além da perda gradual da capacidade funcional do braço afectado, já que este tende a piorar e aumentar de volume com o passar do tempo, o linfedema deixa sequelas psicológicas graves na mulher que vê a sua imagem corporal deformada e um atraso evidente na sua reabilitação, refere a APAMCancroMama.
Uma atitude vigilante e preventiva, tanto por parte da doente como do médico que a acompanha, a par da fisioterapia, tornam-se armas principais para proporcionar à mulher uma melhor qualidade de vida, mostrando-lhe a necessidade de retomar as suas actividades diárias, explica a associação.
O que é o linfedema?
Apesar de estar intimamente ligado ao acto cirúrgico, o linfedema pode ser causado por outros tratamentos como a radioterapia, a quimioterapia ou a hormonoterapia. A cirurgia ao cancro da mama implica a remoção parcial ou total do peito e, na maioria dos casos, a extracção parcial ou total dos gânglios linfáticos axilares. O risco de desenvolver um linfedema após a cirurgia ao cancro da mama depende do número de gânglios removidos, da quantidade de radiação recebida e da capacidade das funcionalidades restantes compensarem a perda.
A remoção dos gânglios axilares tem como consequência a destruição dos vasos linfáticos superficiais e profundos do braço e do quadrante desse mesmo lado. Isto resulta numa predisposição para a formação de um linfedema nesse lado que, não sendo tratado rapidamente, piora com o tempo e dá lugar a um endurecimento dos tecidos com a formação de fibrose e esclerose. Um linfedema do braço que se mantenha sem tratamento pode degenerar em cancro (angiosarcoma).
Sobre a APAMCancroMama
A Associação Portuguesa de Apoio à Mulher com Cancro da Mama é uma organização sem fins lucrativos, criada em Abril de 1998, por um grupo inter-disciplinar de voluntários ligados à problemática da patologia mamária. A associação actua a nível nacional e é pioneira na Europa na prestação gratuita de cuidados de saúde ao doente com cancro da mama nas seguintes valências: Intervenção Terapêutica; Intervenção Social e Jurídica; Intervenção Complementar e Lúdica e Formação especializada aos profissionais de saúde.
A APAMCancroMama possui, desde 2006, um Centro Especializado
De acordo com as linhas orientadoras do Plano Nacional de Saúde, o C.E.F.O. procura melhorar a articulação com os centros de saúde e hospitais e garantir uma maior acessibilidade às consultas de fisiatria, refere a associação. Desta forma, consegue fazer uma rápida triagem de situações de carácter urgente e oferecer tratamentos específicos de linfologia às doentes, dado que só nos hospitais especializados existe este tipo de tratamento para o linfedema e em algumas clínicas privadas com custos elevados para o doente, conclui.
Fonte: APAMCancroMama (http://www.apamcm.org)
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